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Ética e paywalls: Como equilibrar sustentabilidade financeira e disseminação livre de informações?

É óbvio que com aumento de conteúdos consumidos digitalmente, muitas empresas precisam de formas de monetizar em cima de sua produção. Nesse sentido, muitos modelos de negócios surgiram.

Um dos que recebeu maior atenção das empresas foi o “freemium” que é um modelo de negócio baseado na criação e disponibilização de um produto ou serviço gratuito, porém, que passa a ser pago para contar com algumas funcionalidades extras.

Entretanto, com o tempo esse tipo de serviço foi perdendo importância, uma vez que a conversão de usuários gratuitos em usuários premium ocorria a uma taxa muito pequena. A saída encontrada, então, foi uma mudança de abordagem. Aos poucos, o uso do chamado “paywall” começou a ganhar mais importância. 

As plataformas que usam o paywall restringem o acesso ao conteúdo somente para usuários que pagam por ele. Embora essa estratégia possa gerar receita, ela também pode ser problemática do ponto de vista ético e social, pois restringe o acesso a informações importantes e relevantes para muitas pessoas.

As questões éticas enfrentadas pelo paywall estão relacionadas principalmente à sua capacidade de limitar o acesso a informações e conhecimentos importantes. Aliás, é necessário dizer que em plataformas que prestam serviços exclusivamente de entretenimento como Spotify, Netflix ou até mesmo sites de apostas (Cassino NetBet Brazil, Bet365, Sportingbet etc), essa questão ética já não está presente, visto que são plataformas que têm como fundamento principal o entretenimento ou necessitam de um dinheiro “investido” para que o serviço possa engrenar suas funcionalidades corretamente.

A principal questão diz respeito aos sites de notícias, que ao adotar o paywall limitam o alcance das suas notícias a um público que consegue pagar determinada quantia. O acesso a notícias e informações pode ser crucial para a participação cidadã, e o uso de paywalls para limitar o acesso a essas informações pode afetar a capacidade das pessoas de tomar decisões informadas. Além disso, o uso desse modelo para limitar o acesso a informações pode exacerbar as desigualdades sociais e econômicas, já que somente aqueles que podem pagar pelo acesso terão acesso ao conteúdo completo.

Além disso, se apenas algumas empresas ou organizações podem pagar pelo acesso aos paywalls, isso pode levar à criação de monopólios de informação, onde apenas um pequeno grupo de pessoas decide quais informações e opiniões são permitidas e quais são restringidas.

Sabemos que os sites e plataformas digitais precisam monetizar seus serviços e que, embora a adoção de um paywall seja algo tentador, sob o ponto de vista financeiro, ele também pode ser um empecilho ao longo prazo. Por isso, para superar as questões éticas envolvendo os paywalls, é importante que os produtores de conteúdo e as empresas considerem alternativas e soluções que possam equilibrar a sustentabilidade financeira com a disseminação livre de informações.

Uma alternativa é a adoção de modelos de negócios que sejam mais sustentáveis e menos dependentes de publicidade ou de receita de assinaturas. Isso pode incluir parcerias com empresas, patrocínios ou doações, que permitem que os produtores de conteúdo gerem receita sem limitar o acesso a informações importantes.

A clássica campanha de banner, por exemplo, é a forma mais comum de gerar receita vista nos sites atualmente em 2023, apesar de haver outras formas em constante crescimento.

Sobretudo, é importante também que as empresas que implementam paywalls sejam transparentes em relação às suas políticas e práticas, incluindo como as informações são coletadas e usadas, e como a receita é distribuída. Isso ajudará a aumentar a confiança do público e a garantir que as questões éticas sejam levadas em consideração.